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INPE realiza primeira campanha brasileira para observação de sprites

por INPE
Publicado: Out 03, 2007
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São José dos Campos-SP, 03 de outubro de 2007

Imagem INPE realiza primeira campanha brasileira para observação de sprites

A partir desta quarta-feira (3/10), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realiza em São Martinho da Serra, no Rio Grande do Sul, a primeira campanha totalmente brasileira para estudo de sprites.  No Observatório Espacial Sul, vinculado ao Centro Regional Sul do INPE, os pesquisadores do LUME - Grupo Luminescência Atmosférica da Divisão de Aeronomia (DAE), ligada à Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas do Instituto, terão duas semanas para o estudo de sprites e outros Eventos Luminosos Transientes – TLEs.

“Os TLEs são efeitos ópticos na média e alta atmosfera, aproximadamente entre 30 e105 km de altitude, de campos eletromagnéticos de nuvens de tempestade e relâmpagos”, explica a pesquisadora Fernanda São Sabbas, do LUME.

Primeiro esforço totalmente brasileiro para a observação desses fenômenos no país, a campanha conta com o apoio do CT-INFRA. O projeto institucional do MCT permitiu a aquisição da primeira câmera brasileira para a observação de sprites/TLEs. E, por meio do projeto DEELUMINOS da FAPESP, coordenado pela Dra. Fernanda São Sabbas, foram adquiridos os outros equipamentos necessários a esse tipo de observações e o custeio da campanha juntamente com o INPE.

“Nas campanhas anteriores, resultantes de colaborações internacionais com instituições americanas, todos os equipamentos para observações de TLEs pertenciam a Utah State University - USU, uma das nossas grandes colaboradoras”, ressalta a pesquisadora.

O estudo dos sprites no Brasil é importante por serem originados de relâmpagos, sendo que o país é a segunda região mais atingida do planeta. Os sprites são o link entre as nuvens de tempestade e a ionosfera no Circuito Elétrico Global. “A energia dos sprites depositada entre 30-105 km de altitude contribui com a composição química e fotoquímica da atmosfera local, alterando a condutividade elétrica na região e possivelmente perturbando a base da ionosfera noturna”, explica Fernanda São Sabbas.

Os sprites, e TLEs em geral, são observados à noite devido a sua baixa luminosidade sobre tempestades distantes entre 100 e 1000 km do sítio de observação, de modo que o céu deve estar claro no local e a câmera apontada para o horizonte na direção da tempestade, que é localizada por meio de imagens de satélite e dados de relâmpago em tempo real.

Parcerias

O grupo que realizará esta primeira campanha nacional no Observatório Espacial do Sul, em São Martinho da Serra, com a coordenação da Dra. Fernanda São Sabbas, é composto pelo Dr. Dominique Pautet, pelo engenheiro Vinícius Rampinelli, e Micael da Silva Bacellar, aluno de Iniciação Científica e Tecnológica da graduação do Curso de Engenharia Elétrica do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A campanha tem a colaboração do ELAT - Grupo Eletricidade Atmosférica da Divisão de Geofísica Espacial, de pesquisadores do CPTEC, e o apoio e coordenação local do grupo de pesquisas liderado pelo Dr. Nelson Jorge Schuch, do Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais – CRS/INPE, dentro da parceria com o Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria – LACESM/CT - UFSM.

Histórico

Agora uma iniciativa nacional, esta é a quarta campanha no Brasil para a observação deste tipo de fenômeno. A primeira foi realizada no verão de 2002-2003 no estado de São Paulo, centralizada no INPE de Cachoeira Paulista. O objetivo foi realizar medidas de campos elétricos de relâmpago “in-situ” com instrumentação a bordo de balões estratosféricos, simultaneamente com observações de sprites com equipamentos no solo e a bordo do avião do INPE. Nessa campanha foram registradas as primeiras imagens de sprites no Brasil. A campanha, coordenada no país pelo Dr. Osmar Pinto Jr, do ELAT/INPE, resultou de uma colaboração com a University of Washignton – UW, da USU e da University of Alaska Fairbanks – UAF, com o apoio do projeto ETAS da FAPESP e projeto americano da NSF.

A segunda foi uma campanha de grande porte, realizada na primavera de 2005 com o objetivo de observar a influência das ondas de gravidade na geração de sprites na região Centro-Oeste do país e na geração de bolhas de plasma na região equatorial. Foi necessária a colaboração entre diversos pesquisadores do INPE/MCT, da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, da Universidade de Brasília - UnB e inúmeras instituições de pesquisa americanas, entre as quais a USU, a Duke University, a Purdue University e a Colorado Research Associates – CoRA. A campanha foi coordenada pela Dra. Fernanda São Sabbas com o suporte do projeto DEELUMINOS da FAPESP e projetos americanos da NSF e da NASA.

A última campanha foi realizada no verão de 2006, no Rio Grande do Sul, centralizada no Observatório Espacial Sul. Nesse esforço foram observados mais de 400 sprites e outros TLEs numa única noite sobre uma  tempestade na Argentina, considerada a terceira mais ativa no mundo. Coordenada no Brasil pelo Dr. Osmar Pinto Jr, a campanha foi uma colaboração entre o ELAT e o LUME. No CRS/INPE, foi coordenada pelo Dr. Nelson Jorge Schuch, em parceria com o LACESM/CT – UFSM e com o apoio dos projetos ETAS e DEELUMINOS da FAPESP Também teve a participação das instituições americanas UW, USU, Duke University através de projeto da NSF.


À esquerda, primeira imagem em cores reais de um sprite sobre o Centro-Oeste dos Estados Unidos durante a campanha de avião Sprites94 (cortesia University of Alaska Fairbanks). À direita, ilustração com os principais tipos de TLEs: sprites, halos, jatos azuis, elves, e jatos gigantes, jatos híbridos com características de sprites (cortesia Pensylvania State University).


Primeiras imagens de sprites documentados no Brasil na campanha do verão de 2002-2003 a partir do INPE de Cachoeira Paulista. Dados coletados com equipamento da USU.


Sprites documentados na primavera de 2005 durante a segunda campanha no país, a partir do sítio de observação na Fazenda Isabel em Goiás. Dados coletados com equipamento da USU.


Imagem do satélite GOES fornecida pelo CPTEC mostrando a temperatura do topo das nuvens da tempestade que produziu mais de 400 TLEs documentados do Observatório Espacial Sul – OES, indicado com o quadrado vermelho, e o ângulo de visada das câmeras.


Seqüência de TLEs observados do OES durante a terceira campanha ocorrida no Brasil no verão de 2006. Da esquerda para direita os eventos são um halo, um grupo de sprites acompanhado por um halo e um segundo grupo de sprites. Dados coletados com equipamento da USU.


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